Review Ryzen 3 3300X – Arquitetura, Resultados e Overclock

Fala pessoal, beleza?

Há exatos 10 meses, a AMD trouxe ao mercado os Ryzen de terceira geração, onde o principal destaque ficou por conta dos CPUs 7nm sem vídeo integrado conhecidos pelo codenome “Matisse”, cuja linha inicial foi desde o Ryzen 5 3600 (6c/12t) até o Ryzen 9 3900X (12c/24t), sofrendo posterior adição do Ryzen 9 3950X (16c/32t) que veio em novembro, entretanto, até então nada havia sido dito sobre os Ryzen 3, até então… 😉

… Pois hoje é o dia do lançamento dos Ryzen 3 3300X e Ryzen 3 3100! Ambos processadores utilizam a mesma arquitetura do Matisse usando um I/O Die 12nm e 1 CCD 7nm, são quad-cores com SMT (4C/8T), TDP de 65W, 16MB de cache L3 e relativo a frequência padrão, o 3300X fica nos 3.8GHz base e 4.3GHz turbo enquanto no 3100, 3.6GHz base e 3.9GHz turbo. O preço sugerido para o R3 3300X é de $120 e para o R3 3100 é de $99 e o cooler que acompanha ambos os modelos é o Wraith Stealth.

No papel, parece que ambos os CPUs são praticamente iguais, excetuando-se apenas a frequência de operação, entretanto, a maior diferença aparece quando se olha o que está “debaixo do capô”, que no caso, refiro-me em como os núcleos estão “distribuidos” dentro da CCD onde conforme pode ser visto no diagrama abaixo (créditos dos die shots para o Fritzchens Fritz), o Ryzen 3 3100 possui as duas CCX ativadas, porém, com apenas metade dos cores disponíveis em cada uma, enquanto que o Ryzen 3 3300X, tem apenas uma CCX inteira ativada enquanto a outra está totalmente “desligada” sendo que a implicação disso é que enquanto o R3 3100 “paga” uma penalidade em latência caso seja necessário mover threads entre as CCX por conta desse acesso ter de passar pelo I/O Die antes, o R3 3300X está tudo dentro da mesma CCX, o que deve ser benéfico para aplicações que são mais sensíveis a latência, como por exemplo, jogos.

Ainda sobre essa questão, recomendo a leitura desse artigo do Anandtech onde eles abordam esse ponto e inclusive apresentam números de latência para cada um dos casos possíveis (threads dentro da mesma CCX, threads em CCX diferentes, threads em CCDs diferentes).

Mas diferente do que ocorreu com o R5 3600, onde tive o privilégio de testar dez amostras antes do lançamento, infelizmente dessa vez não foi possível fazer a mesma coisa, entretanto, tive acesso a algumas informações acerca do processo de “binagem” de dez unidades de R3 3300X!

Segundo a informação que disponho, a metodologia utilizada para esses testes foi a mesma que adotei nos R5 3600 e que originalmente foi usada pelo pessoal do JagatReview, basicamente, foi utilizada uma X570 I Aorus PRO WiFi com um Wraith Prism, o vcore fixo em 1.16V, RAM @ 2933MHz com os demais ajustes em “Auto” e após isso, verificou-se o clock máximo na qual cada CPU passava três rodadas seguidas no Cinebench R15 e o resultado é que para as dez amostras testadas, uma foi capaz de completar as três runs @ 4350MHz, dois @ 4325MHz, dois @ 4275MHz e um @ 4225MHz, sendo que para os quatro que sobraram, por falta de tempo disponível, foi apenas testado se eles eram capazes de serem aprovados no critério @ 4300MHz, coisa que nenhuma dessas quatro amostras restantes conseguiu fazer.

Ainda que esse número de amostras seja limitado e que isso não seja representativo para o todo, é interessante notar a aparente evolução do processo de 7nm desde o lançamento dos Ryzen 3000, afinal de contas, naquela ocasião o melhor exemplar de R5 3600 precisou de 1.4V para 4325MHz usando critério similar, algo que muito provavelmente até o pior dentre esses dez R3 3300X testados deve ser capaz de fazer ou mesmo superar. De todo modo, gostaria de deixar claro que a amostra que tenho em mãos é justamente essa única que foi capaz de chegar nos 4350MHz 1.16V para três rodadas de Cinebench R15, em outras palavras, em termos de qualidade do CCD, a amostra que ilustra o início desse artigo (e que foi a que usei para obter os resultados a seguir) é exatamente aquilo que podemos chamar de “CPU Gold” e muito provavelmente ela é muito acima da média. 😉

Feitas as apresentações, vamos aos resultados!

Configurações utilizadas

CPU: AMD Ryzen 5 2400G / AMD Ryzen 3 3300X / AMD Ryzen 5 3600 (Obrigado AMD!)

MOBO: TUF X570-PLUS/BR (UEFI 1407) / ASUS PRIME B450M-Gaming/BR (UEFI 2006)

VGA: NVIDIA GeForce RTX 2080 (Obrigado NVIDIA!)

RAM: 2x8GB Crucial Ballistix LT 3200 CL16 / 2x8GB DDR4 Patriot Viper Steel 4400 CL19 (Obrigado Patriot!)

REFRIGERAÇÃO: Wraith Stealth, Water Cooler custom e pasta térmica GD900

STORAGE: SSD Crucial BX300 120GB

Software utilizado e drivers utilizados: Windows 10 x64 build 1909, Forceware 445.87, AMD Chipset Drivers 2.04.04.111.

Objetivo dos testes: Aferir o desempenho do Ryzen 3 3300X em uma série de benchmarks comparando com um quad-core da geração anterior (R5 2400G) em stock e também com o CPU que vem imediatamente acima dele com disponibilidade oficial no Brasil, que é o R5 3600, verificar os seus números de consumo e temperatura enquanto usando uma placa-mãe de entrada e também ver como ele se sai nos benchmarks competitivos para o HWBOT em overclock usando refrigeração ambiente. Detalhes de como foram conduzidos os testes estão contidos nos textos abaixo.

Benchmarks em stock

Sobre os benchmarks utilizados, foi um misto daqueles já utilizados no cenário competitivo (Cinebench R15/R20, Geekbench 3/4), alguns softwares de renderização (Blender 2.82a usando o famoso BMW demo) e Luxmark 3.1 C++, ferramenta de compactação de dados (Winrar 5.9) e o benchmark integrado do CPU-Z que está ai principalmente por conta das tretas que ele costuma causar nos grupos de discussão internet a fora! 😀

Para obtenção de todos esses resultados, rodei cada benchmark por três vezes para garantir a consistência dos números sendo que o usei o melhor dos três nos gráficos abaixo. Os CPUs estavam em stock apenas com as memórias (Crucial Ballistix LT 3200) em XMP. O cooler utilizado foi o Wraith Stealth para os três processadores, afinal de contas, ele acompanha os três modelos e por fim, a temperatura ambiente no dia dos testes foi de 26.9ºC.

Como era de se esperar, o R3 3300X acabou ficando entre R5 2400G e R5 3600 na maior parte dos testes multithread, afinal de contas, nesse cenário as 2C/4T a mais no R5 3600 fizeram uma diferença significativa, entretanto, relativo ao R5 2400G, o R3 3300X chegou a apresentar uma vantagem de mais de 40% em alguns desses benchmarks na qual posso creditar ao ganho de IPC e frequência entre as gerações e também por conta do R5 2400G apresentar metade do cache L3 do Pinnacle Ridge.

Já nos benchmarks singlethread, o R3 3300X terminou na frente de todo mundo e o motivo é que a sua frequência de boost é 100MHz maior que no R5 3600.

Apesar de eu não ser exatamente um ávido gamer, rodei benchmarks de alguns jogos que tinha por aqui:

  • O BeamNG é um simulador de física trajado de jogo de corrida e a ferramenta (BeamNG Banana Bench) inclusa nele simula o desempenho do jogo conforme se aumenta a contagem de carros controlados por AI e no final te da o melhor resultado obtido sendo que esse teste ainda exige um pouco menos do CPU do que o jogo, afinal de contas, a mesma roda em modo texto e por isso não tem a carga do render.
  • O Civilization VI rodei o modo AI do benchmark que simula o tempo de processamento da AI (basicamente, um turno do jogo) e retorna a média de 5 turnos.
  • No CS GO, usei o mapa de FPS Benchmark com o jogo rodando em 1080p Low pois quem joga isso de forma competitiva sacrifica os detalhes em detrimento de rodar o mesmo com a maior taxa de quadros possível visando diminuir input lag. Alguns até baixam a resolução para 720p ou menos mas aqui resolvi ser um pouco menos radical e mantive os 1080p, conforme pode ser visto nos screenshots abaixo:

E aqui o R3 3300X apresentou excelentes resultados, inclusive superando o R5 3600 no CS:GO, muito provavelmente por mérito da frequência de boost mais elevada, afinal de contas, esse jogo não costuma escalar com várias threads, enquanto no BeamNG e no Civilization VI, que usam várias threads, ele tornou a ficar no pelotão do meio, de todo modo, resultados bastante respeitáveis aqui e ao que tudo indica, esse CPU provavelmente será o novo queridinho dos jogadores de CS:GO e outros jogos semelhantes que precisam “cuspir” fps por questões de input lag.

  • Consumo e temperatura:

Para ter noção do consumo total da máquina com esses processadores testados, foi utilizado um wattimetro de tomada e anotados os valores em “idle” (parado no desktop) e também em “load” com o Blender renderizando a BMW e novamente, para esse teste aqui utilizei a TUF X570-Plus/BR.

Curiosamente, o R5 2400G apresentou consumo de idle um pouco menor que os CPUs 7nm, registrando 88W enquanto o R3 3300X ficou nos 95W e o R5 3600 nos 96W, já em load, houve uma vitória de Pirro para o R5 2400G com ele apresentando vantagem de 2.5% em relação ao R3 3300X e 10% sobre o R5 3600, porém, como foi apresentado anteriormente, mesmo o R3 3300X chegou a apresentar vantagem próxima dos 40% em alguns testes, o que indica uma vantagem expressiva na “Performance per W” dos CPUs 7nm.

Até esse ponto do artigo foi utilizada uma placa-mãe X570, que apesar de ser um modelo de entrada para esse chipset, ainda tem um custo de aquisição um pouco além daquilo que é esperado para o comprador dos Ryzen 3, que provavelmente deve optar por placas A320/B350/B450, sendo assim, resolvi escalar a ASUS PRIME B450M-Gaming/BR, que trata-se de uma placa de entrada sem dissipador no VRM para ver como o R3 3300X se comporta em termos de temperatura e frequência enquanto usando o Wraith Stealth e também verificar como o VRM dessa placa se comporta com esse CPU usando a FLIR One LT, sendo essa uma boa “régua” para outras placas de entrada similares. Portanto rodei o stress test do AIDA64 por 30 minutos e usei o HWiNFO para gravar o log e com isso, cheguei no gráfico, na termográfia e nas conclusões abaixo:

  1. O Wraith Stealth não apresenta margem para overclock com o R3 3300X apresentando vários picos de temperatura acima de 100ºC, portanto, se essa for a ideia, vale a pena investir nem que for em um air cooler simples com dois heatpipes.
  2. Apesar da temperatura elevada, a frequência do CPU tende a ficar consistentemente acima dos 4000MHz, o que é muito bom! O resultado do gráfico se refere apenas ao Core 0, entretanto, os demais apresentam comportamento muito semelhante.
  3. A ASUS PRIME B450M-Gaming/BR levou esse CPU com o “pé nas costas” apresentando temperatura máxima de 50.7ºC após 30 minutos de stress test, o que implica que mesmo usando o air cooler do tipo torre e overclock no CPU, a temperatura do VRM não será um problema.

Overclock – Refrigeração liquida

Por não dispor de margem para overclock usando o cooler original então optei partir diretamente para o WC visando provar o que esse CPU “Gold” seria capaz de fazer por mim nos benchmarks competitivos para o HWBOT como o Cinebench R15/R20, GPUPI 3.2 e Geekbench 3.4.3 Beta 3…

… E gente, esse CPU definitivamente correspondeu as expectativas! Foi possível completar esses benchmarks com frequências entre 4575MHz e 4725MHz (!!!) usando apenas 1.39V, o que é algo formidável para o Matisse, especialmente se levarmos em consideração o metodo de refrigeração utilizada. No que diz respeito ao FCLK, aparentemente o I/O Die não tem a mesma qualidade do CCD e não foi possível ir além dos 1866MHz aqui, o que se não é ruim, também não é nada além do mediano, de todo modo, esses resultados que foram obtidos no GB3 e no Cinebench R15 estão no mesmo nível ou um pouco acima dos números obtidos pelo i7 7700K @ 5500MHz no HWBOT, o que é bastante respeitável, especialmente para um CPU de entrada como esse.

Conclusão

Diantes dos testes e resultados apresentados, foi possível chegar nos seguintes pontos:

  1. Relativo ao desempenho, o Ryzen 3 3300X entregou números sólidos, ficando entre o R5 2400G e o R5 3600 no que diz respeito ao desempenho multithread, apresentando uma vantagem considerável sobre o R5 2400G em várias situações, mérito tanto da arquitetura Zen2 quanto das maiores frequências de operação. No singlethread, o boost 100MHz mais alto que do R5 3600 fez com que o R3 3300X apresentasse uma ligeira vantagem nessas situações, incluindo no CS:GO, onde ele bateu nos 575.32fps na média, o que é um bom indício de que o R3 3300X pode ser o novo queridinho da galera dos e-sports.
  2. Sobre o consumo, o R3 3300X se mostrou bastante frugal, ainda que tenha consumido um pouco mais que o R5 2400G tanto em idle quanto em load, entretanto, o seu desempenho foi de forma geral consideravelmente melhor que o desse segundo, o que significa que no final das contas, a “Performance per Watt” do R3 3300X é bastante superior.
  3. Da temperatura de operação, o Wraith Stealth se limita apenas a garantir o funcionamento do CPU em stock, sendo necessário o investimento em outro sistema de refrigeração caso a ideia seja fazer overclock no processador. A respeito da exigência sobre o VRM, o R3 3300X é bastante “frugal” e mesmo uma placa-mãe básica sem dissipador no VRM como a ASUS PRIME B450-Gaming/BR não deve ter problemas para “tocar” esse CPU, mesmo considerando overclock e o uso de um dissipador com layout de torre.
  4. A respeito do overclock, logo no início do artigo mencionei que o exemplar usado nos testes foi o melhor de dez amostras e isso ficou bastante evidente nos resultados com overclock nos benchmarks competitivos usando refrigeração a água, onde o R3 3300X foi capaz de completar os testes com frequências entre 4575MHz e 4725MHz com tensão de operação abaixo dos 1.4V, o que é algo extraordinariamente bom para esse CPU.
  5. Do custo de aquisição, ainda não possuo informações a respeito do preço desses processadores no mercado nacional e sinceramente, diante do momento de instabilidade e volatilidade dos preços de hardware no Brasil, também prefiro me abster de qualquer palpite nesse sentido, entretanto, o preço sugerido em dolares para o R3 3100 é de $99 e para o R3 3300X é $120, e esses inegavelmente são valores extremamente competitivos diante do desempenho apresentado.
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