Fala pessoal, beleza?
Nesse review irei analisar a Biostar B450MH, que se trata de uma placa-mãe B450 básica, onde o modelo em questão é construído no padrão Micro ATX, possui dois slots de memória e por conta do chipset B450, apresenta suporte a overclock, apesar da ausência de dissipador no VRM.
A respeito da caixa, na parte da frente, consta nome do modelo, fabricante e socket, enquanto na parte traseira, existe destaque ao PCI-E 3.0, SATA III 6Gbps, HDMI e USB 3.1 Gen1, o que de certa forma é surpreendente mesmo para uma placa básica, afinal de contas, esses recursos estão disponíveis mesmo em plataformas bem mais antigas.
Do kit de acessórios que acompanha o produto, temos o espelho traseiro, dois cabos SATA, manual e um folheto falando sobre com instruções de manutenção do PC.
O PCB é marrom escuro sem grafismos em coloração diferente como estamos acostumados a ver nas placas modernas, de forma que os slots de memória e PCI-E amarelos são os itens mais chamativos na placa. Também é possível destacar o dissipador de alumínio simples no B450 e o VRM de 4+2 fases “pelado”.
Sobre o layout, é bem decente, onde não existem componentes obstruindo uns aos outros, M.2 está localizada acima do PCI-E, o que garante melhor fluxo de ar no SSD que for ali instalado e por fim, os slots de memória usam travas dos dois lados, mas estão a uma distância razoável do PCI-E, o que facilita a manutenção ou troca de memórias com a placa montada no gabinete.
Contudo, é necessário destacar que existem apenas dois fan headers e que essa placa não possui suporte a RGB, o que é regra para esse modelos básicos.
Falando especificamente da M.2, ela é conectada a CPU e oferece suporte a SSDs SATA M.2 ou NVMe PCI-E. Das portas SATA, são quatro com suporte a RAID 0,1 e 10.
O codec de áudio utilizado é o Realtek ALC887, que está montado em uma camada isolada do PCB, com 4 capacitores para fazer a filtragem do sinal de áudio, não existindo nenhum AMP-OP ou isolamento EMI. A LAN utilizada é RTL8111H, também da Realtek.
Sobre o espelho traseiro são quatro portas USB 3.2 Gen1, duas USB 2.0, uma ‘PS/2’ (teclado e mouse), LAN, saídas de vídeo VGA/HDMI e painel de som com três jacks, o que está nas expectativas para uma placa desse segmento.
A respeito do VRM, a Biostar optou por usar um arranjo de 4+2 (VDDCR+VDDSOC) fases com o controlador Intersil ISL95712, que permite o controle de até 4 fases para o VDDCR e 3 no VDDSOC sem o uso de doublers.
Os mosfets utilizados são os Sinopower SM4377 (high side) e dois SM4364 (low side) por fase, onde os SM4377 suportam uma corrente máxima de 35A @ 100 °C e possuem um Tr (tempo de subida) de 12ns e Tf (tempo de queda) de 10ns, o que é algo muito bom do ponto de vista das perdas de chaveamento, entretanto, os SM4364 apresentam rds(on) @ Vgs = 10V de 5.3mΩ, o que é algo medíocre, mas que deve ser reduzido pela metade por existirem dois mosfets de baixa em paralelo desse design. Esse é basicamente o mesmo projeto encontrado nas B350GT3 e B350GTX.
No que diz respeito a dissipação de calor das fases do VDDCR, considerando uma frequência de chaveamento de 300KHz, Vgs de 10V e tensão de saída de 1.4V, para uma carga de 50A (R5 4650G e R5 3600 OC) ele deve dissipar cerca de 5.7W, com 80A (R7 3800XT e R7 5800X) cerca de 10.4W, 100A (R7 2700X OC) 14.26W e por fim, para 150A (R9 3950X) 26.9W.
Esses números implicam que esse VRM sem dissipador provavelmente deverá apresentar problemas para levar um R7 5800X ou R7 3800XT caso não haja algum fluxo de ar na região, de forma que é recomendável o uso de uma ventoinha soprando diretamente na região para os donos de sistemas de refrigeração a água ou ar no padrão torre, enquanto os usuários com o cooler padrão provavelmente não terão problemas, afinal de contas, eles já são projetados com o propósito de manter algum fluxo de ar nessa parte. Caso alguém tenha dúvidas sobre esse assunto, fica a recomendação para leitura desse artigo, que aborda exatamente esse assunto e também traz testes para ilustrar essas situações.
Sobre a UEFI, ela apresenta o mesmo padrão “soviético” encontrada em outras placas do fabricante, com as mesmas virtudes e defeitos, de maneira que quem já está familiarizado com esse padrão vai se sentir em casa e quem não gosta certamente vai ter seus momentos de raiva.
Um ponto positivo é que ao menos com o R3 4350G, o menu “AMD Overclocking” está disponível, o que permite ajustar as tensões do VDDCR e do VDDSOC diretamente pelo VID, sem precisar recorrer aos offsets, a má notícia é que a tensão do VDDSOC não é monitorada, o que implica que quando não for possível fazer o ajuste via “AMD Overclocking”, ao aplicar um offset nessa tensão, o usuário estará no escuro, sem ter muita ideia o valor resultante, o que é um problema recorrente nas placas da Biostar.
Contudo, é necessário citar um importante ponto negativo: O post nessa placa é extremamente lento, demorando cerca de 10 segundos até abrir vídeo, sendo sempre assim, não só no primeiro post após um clearcmos ou trocar um processador.
No que diz respeito aos ajustes de tensão principais, o ‘CPU Core’ permite aplicar um offset que vai desde “Negative 4” até +0.500V, o ‘CPU_SOC’ vai até +0.400V, o ajuste de tensão das memórias (DDR Memory Voltage) permite até +0.300V, o que razoável para uma placa dessa categoria.
Caso alguém tenha interesse, segue o link para site do fabricante, onde consta as especificações do produto. Vamos então às configurações utilizadas e resultados!
- Configurações utilizadas:
CPU: AMD Ryzen 3 PRO 4350G / AMD Ryzen 5 3600 / AMD Ryzen 7 3800XT
MOBO: Biostar B450MH (BIOS: B45CS127.BSS– Obrigado Terabyteshop!)
VGA: GIGABYTE RX 5500XT 8GB (Obrigado Terabyteshop!)
RAM: 2x8GB DDR4 G.Skill Flare X 3200CL14 – 2x8GB Crucial Ballistix Red 3200 CL16 (Obrigado Terabyteshop!) – 2x8GB Crucial Ballistix LT 3200 CL16 – 2x16GB G.Skill Trident Z Neo 3600 CL16
REFRIGERAÇÃO: XPG Levante 240mm (Obrigado XPG!), Wraith Prism e pasta térmica GD900
STORAGE: SSD Sandisk 120GB
EQUIPAMENTOS EXTRAS: Termômetro digital GM1312
Software utilizado: Windows 10 x64 build 2004, Blender 2.92, TM5 0.12 v3, HWiNFO 7.00, Unigine Superposition e Geekbench 3.4.2.
- Objetivo dos testes:
O objetivo desse artigo é verificar o quão bem a B450MH se sai no overclock de memória com foco em uso diário, testar o desempenho térmico da placa em condições de ‘stress’ usando os Ryzen 3 PRO 4350G, Ryzen 5 3600 e Ryzen 7 3800XT.
Explicações acerca da metodologia adotada ou de como os testes foram conduzidos estão contidas nos textos que acompanham os resultados a seguir.
- Resultados – Frequência das memórias:
O primeiro passo foi testar até onde a B450MH foi capaz de ir no overclock de memória devido ao já conhecido impacto que isso traz no desempenho dos Ryzen, para tal, foi utilizado o Ryzen 7 3800XT e três kits de memória com configurações distintas, um kit Micron E-Die “recente”, Samsung B-Die pcb.A0 “Single Rank” e Samsung B-Die pcb.B2 “Dual Rank”, para testar se ela seria capaz de roda-los com MCLK:FCLK:UCLK em 1:1:1 com estabilidade para uso diário. Todos esses kits já foram testados anteriormente aqui no site e são “certificados” a trabalhar em 3800MHz com estabilidade. Os ajustes utilizados constam nas capturas de tela abaixo.
A Biostar B450MH foi bem nos testes de overclock de memória, de forma que foi possível obter estabilidade em 3800MHz até mesmo quando usando o kit Dual Rank.
Curiosamente, a Micron E-Die apresentou erros com o ajuste CL14, sendo necessário abaixar a frequência para 3733MHz, o que muito provavelmente deve estar mais relacionado a Crosshair VIII Impact aparentemente fazer algum overvolt além da tensão aplicada nas memórias em relação a B450MH, de todo modo, com o ajuste CL16 ela não teve dificuldades para estabilizar nos 3800MHz.
- VRM e temperatura de operação:
Para verificar a temperatura do VRM, foi instalado um termopar tipo K com um thermalpad grudento na parte de trás da placa, logo abaixo de uma das fases, conforme mostra a foto abaixo. Esse modelo surpreendentemente possui sensor de temperatura no VRM.
Diferente de como vinha fazendo até então onde usava o stress test do AIDA64 por 30 minutos para obter esses resultados de temperatura do VRM, dessa foi utilizado o Blender 2.92 renderizando a demonstração “Classroom” por meia hora usando o HWiNFO para monitorar/ gravar o log dos “sinais vitais” do sistema durante o teste e ao fim, tomar nota tanto da temperatura ambiente quanto do termopar instalado na placa. Relativo à mudança no ‘software’ utilizado, foram dois os motivos responsáveis por essa alteração:
- O Blender é software livre e a animação “demo” utilizada é de domínio público, enquanto o AIDA é um software comercial pago.
- A carga aplicada pelo Blender é mais “consistente” do que no AIDA, onde esse último apresenta uma variação considerável na telemetria da corrente utilizada pela CPU ao longo do teste, algo que não ocorre com o Blender.
No teste da temperatura das fases do VDDSOC, foi utilizado o Unigine Superposition preset “1080p Medium” com o vídeo integrado do R3 4350G trabalhando a 2300MHz 1.25V e a temperatura foi registrada com a FLIR One LT nas cenas finais do teste.
Por se tratar de um modelo básico sem dissipador no VRM, os testes começaram pela CPU menos exigente e foram prosseguindo até chegar no limite da placa, de forma que o primeiro deles foi o R3 4350G e o último, o R7 3800XT. Além disso, foram feitos testas usando o Wraith Prism e o XPG Levante 240 mm da bancada visando quantificar o impacto do fluxo de ar do Prism na temperatura do VRM, algo que geralmente é levado em conta no projeto dessas placas mais simples sem dissipador no circuito de alimentação.
Em todos esses testes foram utilizados as Ballistix Red 3200CL16 no XMP padrão.
No gráfico dos resultados, os valores apresentados são o delta T (ΔT), que se trata da diferença entre a temperatura da CPU (no caso) e a ambiente, retirando assim esse ultimo fator da jogada e foi feito assim por conta da temperatura ambiente no momento dos testes ter sido ligeiramente diferente entre as rodadas.
É importante salientar que esses testes foram realizados em bancada aberta e que a “temperatura ambiente” dentro de um gabinete costuma ser algo maior, a depender do hardware utilizado, projeto de ventilação do case e da própria temperatura da sala onde o computador está localizado.
E aqui temos boas e más notícias!
De bom, a Biostar B450MH foi capaz de levar uma CPU com TDP de 105W como o R7 3800 XT, sendo necessário apenas que exista algum fluxo de ar sobre a região do VRM, seja de uma ventoinha soprando diretamente ou de um cooler como o Wraith Prism, com a placa apresentando throttling ao bater cerca de 90 °C na leitura do sensor e 105 °C na FLIR mirando diretamente nos mosfets, o que significa que o fabricante não negligenciou proteção contra superaquecimento tendo como implicação que a placa é segura de se utilizar e não deve falhar por esse motivo em específico. Para modelos até 65W e uma APU como R3 4350G, zero ressalvas.
Outro aspecto positivo é que mesmo ao fazer overclock mais pesado no vídeo integrado do R3 4350G, a temperatura dos mosfets das fases do VDDSOC ainda permaneceram em níveis bastante aceitáveis, de aproximadamente 76 °C, e isso considerando o uso do water cooler sem fluxo de ar adicional na região, de forma que com o Wraith Stealth as coisas devem permanecer mais tranquilas para o VRM, mesmo mantendo o overclock no cooler original, algo perfeitamente possível conforme pode ser visto no artigo do Ryzen 3 4350G.
De ruim, essa placa está basicamente limitada a processadores com um CCD e se possível com TDP menor do que 105W, não sendo recomendável ir além, a não ser que sejam feitas adaptações como dissipadores e refrigeração ativa no VRM, sendo de bom-tom a aquisição de uma placa-mãe mais robusta caso o intento seja usar uma CPU 105W como o R7 2700X ou com mais cores, como os 3900X/3950X/5900X/5950X.
Abaixo, as temperaturas dos mosfets que foram registradas usando a FLIR One LT, onde a diferença em relação à leitura do sensor foi de cerca de 10 °C, o que está dentro do esperado.
- TSME – Overclock no Ryzen 3 PRO 4350G:
Com os atuais preços das GPUs e do hardware em geral, é razoável supor que alguém que pretende montar uma máquina com essa placa-mãe irá recorrer a algum processador com vídeo integrado de forma que é válido fazer alguns testes extras usando o Ryzen 3 PRO 4350G.
A primeira observação é com relação ao TSME, que é um recurso exclusivo dos modelos da linha “PRO” e que quando ativado, permite a CPU fazer a encriptação do conteúdo da memória em tempo real, porém, com um pequeno impacto na latência de memória, o que é razoável em um ambiente corporativo, mas que pode ser desabilitado para uso civil, o que garante desempenho um pouco melhor em algumas aplicações.
Na Biostar, a opção para desabilitar o TSME se encontra “perdida” no AMD CBS, de modo que a galeria abaixo mostra o caminho das pedras para encontrar a opção na BIOS.
Também é relevante fazer testes com overclock, afinal de contas, foi demonstrado no artigo do Ryzen 3 PRO 4350G a possibilidade de se obter grandes ganhos de desempenho mesmo utilizando o cooler original, o Wraith Stealth.
E a Biostar B450MH não teve problemas para completar o Unigine Superposition com a CPU em 4250MHz, GPU integrada em 2300MHz e memória a 4000MHz com FCLK 2000MHz, o que denota que em uma situação de orçamento apertado, ela pode ser considerada uma alternativa completamente válida para esses processadores, onde os números de temperatura no VRM corroboram com essa conclusão, permanecendo em patamares perfeitamente seguros mesmo com overclock no vídeo integrado e usando o water cooler, o que seria o pior cenário possível para a refrigeração dos mosfets.
Conclusão:
Do ponto de vista de layout, qualidade e recursos oferecidos, a Biostar B450MH é um modelo de entrada, das B450 mais básicas, de forma que feita essa observação, da para dizer que ela é decente para o que se propõe, não existindo componentes obstruindo uns aos outros, a M.2 está localizada acima do PCI-E, o que garante melhor fluxo de ar no SSD que for ali instalado e por fim, os slots de memória usam travas dos dois lados, mas estão a uma distância razoável do PCI-E, o que facilita a manutenção ou troca de memórias com a placa montada no gabinete. É claro que seria bom ver um dissipador no VRM ou pelo menos mais um fan header, porém, essas coisas acabam adicionando no custo final do produto em um mercado cujos concorrentes, em tese, também não oferecem isso.
Sobre a BIOS da placa, apresenta o mesmo padrão “soviético” encontrado nas demais placas do fabricante, onde os ajustes das tensões são todas via offset, alguns de memória como os “RTT” e “CAD” estão disponíveis apenas fuçando no menu “AMD CBS” e a tensão do VDDSOC sem monitoramento. De positivo, os limites dos offsets são suficientes e o fabricante, ao menos usando o R3 PRO 4350G, não omitiu o menu “AMD Overclocking”, o que permite fazer o ajuste das tensões do VDDCR e VDDSOC diretamente pelo VID, dispensando o uso dos offsets. De negativo, o processo de post dessa placa é extremamente lento, demorando mais de 10 segundos até dar vídeo.
No que diz respeito ao overclock de memória, foi possível obter os 3800MHz e FCLK 1900MHz com facilidade nas memórias Samsung B-Die “Single Rank” e “Dual Rank”, contudo, foi necessário abaixar a frequência das Micron E-Die para 3733MHz para obter estabilidade com o ajuste CL14, o que talvez esteja mais relacionado ao próprio kit de memória do que a placa-mãe, de todo modo, foi o que ocorreu.
Sobre o VRM, a solução de 4 + 2 fases não falhou e oferece bom suporte a processadores com TDP de 65W, contudo, para modelos com TDP de 105W ou com 2 CCDs, é obrigatório a manutenção de algum fluxo de ar na região, seja usando um cooler que favoreça isso, como os modelos de fábrica, ou usando uma ventoinha soprando diretamente na área, pois caso contrário, o throttling vem rápido, o que a princípio é ruim, porém, ao menos protege a placa-mãe e a CPU de falharem.
Em relação ao preço, nesse exato momento (23/4/2021) a Biostar B450MH se encontra disponível na Terabyteshop por R$659,00, o que a coloca em uma posição um pouco desconfortável, afinal, no momento existem alternativas B450 e até B550 com mais recursos, por exemplo, quatro slots de memória ou PCI-E 4.0, por preço menor ou mesmo modelos B450 mais completos custando pouca coisa mais, de forma que a Biostar B450MH é uma placa “OK” pelo que se propõe, porém, não sendo a melhor das alternativas no atual cenário.