Cooler do CPU influencia na temperatura do VRM da placa-mãe? Testes e resultados!

Fala pessoal, beleza?

Poucos dias atrás publiquei aqui na página o review da ASUS PRIME B450M-Gaming/BR, que trata-se de uma placa-mãe AM4 de entrada, no formato mATX, sem dissipador no VRM e após submeter essa placa aos testes, a conclusão foi que para essa placa suportar adequadamente alguns CPUs, seria necessário que o usuário adaptasse dissipadores ou um fan no VRM para manter a temperatura em níveis seguros.

Entretanto conforme sempre faço com todas as placas, os testes foram realizados usando o water cooler (WC) custom da bancada e no caso, o único fluxo de ar no VRM se deu por aquele “ventinho” residual que sai do radiador, algo que em um gabinete dificilmente seria reaproveitado para esse fim. Mas e se ao invés do WC estivesse usando o cooler original ou um outro dissipador do tipo torre? Será que a temperatura do VRM seria diferente? 😉

Essas perguntas são bastante pertinentes, afinal de contas, os coolers (Wraith Prism, Max, Spire e Stealth) foram projetados de forma a “direcionar” o fluxo de ar que sai das aletas para as laterais, ou seja, em tese eles devem ajudar na refrigeração do VRM, enquanto os dissipadores do tipo torre, exceto por alguns poucos modelos que tentam usar difusores plásticos para direcionar o ar para a região do VRM, pelo seu próprio design não costumam ser muito amigaveis com a refrigeração do VRM, assim como ocorre com os WCs, sejam eles “custom” ou de loop selado (AIO).

Portanto é esperado que exista alguma diferença e a ideia desse artigo é justamente quantifica-la! Para isso escalei além do water cooler da bancada, o Wraith Prism, que trata-se do cooler que acompanha os CPUs AMD com TDP de 105W e o Cooler Master 212 Black Edition, que é um dissipador em formato torre com fan de 120mm, de quatro heatpipes de contato direto e que não possui nenhum difusor ou meio para canalizar o fluxo de ar para o VRM, representando assim a maior parte dos coolers a ar com essa layout.

Feitas as apresentações, vamos as demais configurações utilizadas!

Configurações utilizadas

CPU: AMD Ryzen 7 2700X / AMD Ryzen 5 2600X (Obrigado AMD!)

MOBO: ASUS PRIME B450M-Gaming/BR (BIOS: 2006 – Obrigado Terabyteshop!)

VGA: EVGA GTX970 4GB (Obrigado NVIDIA!) / ASRock Radeon 5700XT Challenger (Obrigado Terabyteshop!)

RAM:  2x8GB Crucial Ballistix LT 3200 CL16

REFRIGERAÇÃO: Wraith Prism, Cooler Master 212 Black Edition (Obrigado Terabyteshop!)

STORAGE: SSD Crucial BX300 120GB

EQUIPAMENTOS EXTRAS: FLIR One LT

Software utilizado: Windows 10 x64 build 1909, AIDA64 6.20.5300, HWiNFO 6.24.

Objetivo dos testes

Verificar a diferença que o uso de diferentes sistemas de refrigeração do CPU pode fazer na temperatura do VRM da placa-mãe, em especial, um modelo sem dissipador no VRM.

Explicações acerca da metodologia adotada ou de como os testes foram conduzidos estão contidas nos textos que acompanham os resultados a seguir.

Resultados

Para medir a temperatura dos circuitos de alimentação e fazer as termográfias foi utilizada a FLIR One LT após rodar o stress test do AIDA64, em suas configurações padrão e por 30 minutos, enquanto o HWiNFO armazenava o log para posterior verificação. Como o intento aqui foi testar a temperatura do VRM e não do CPU, optei por usar apenas o R7 2700X e R5 2600X por conta da maior exigência de corrente de ambos em relação ao R7 3800X. Todos os testes foram feitos com os CPUs completamente em stock e memória operando no XMP.

Também tenham em mente que esses testes foram todos conduzidos em bancada e que a temperatura “ambiente” dentro de um gabinete tende a ser maior que a temperatura ambiente de fato, o que é um detalhe importante caso alguém venha a tentar reproduzir os testes aqui realizados.  Abaixo é possível ver a temperatura ambiente no momento dos testes para cada um desses processadores:

Legenda: WP = Wraith Prism e CM = Cooler Master 212 Black Edition

Wraith Prism

Os resultados apresentados pelo Wraith Prism surpreenderam, não pela já esperada queda da temperatura do VRM, mas sim pela sua magnitude, pois como mostrarei adiante, os deltas relativos aos resultados obtidos usando o WC da bancada excederam os 20ºC. Em termos absolutos, as temperaturas do VRM enquanto usando o R7 2700X ficaram abaixo dos 100ºC e com o R5 2600X, abaixo dos 75ºC, o que ao menos nesse último caso, chega a ser um resultado muito bom!

Uma observação é que durante o teste de estresse automaticamente a rotação do Wraith foi para os 100%, o que implica que ele foi de longe a solução com maior nível de ruído dentre as que foram testadas e obviamente, se baixar a rotação, as temperaturas do VRM (e do CPU) devem subir, afinal de contas o fluxo de ar será reduzido. 😉

Cooler Master 212 Black Edition

Por outro lado, com o CM 212 Black Edition, os resultados não foram nada bons, com o R7 2700X entrando em throttling após menos de 8 minutos de estresse, o que evidentemente me forçou a abortar o teste, enquanto que com o R5 2600X, a temperatura do VRM ficou na casa dos 114ºC, o que também não é nada bom apesar de não ter verificado nenhuma queda de frequência no CPU.

Novamente, é necessário destacar que isso não é “culpa” do CM 212 Black Edition mas que esse é justamente um dos pontos negativos dos coolers a ar do tipo torre, em que o dissipador “cresce” no eixo “Y” para ganhar maior capacidade térmica e por conta dessa altura extra, o fluxo de ar no VRM acaba sendo sacrificado.

E por fim, no gráfico abaixo é possível verificar como ficaram os deltas de temperatura do VRM em cada um dos casos, onde também inclui os valores obtidos usando o “water cooler” custom da bancada para comparação. Lembrando que essas temperaturas são os deltas entre o pior caso de cada termografia e as temperaturas ambiente apresentadas na tabela disponibilizada em cada um dos artigos, esse e o review da ASUS PRIME B450M-Gaming/BR:

Conclusão

Diantes dos testes e resultados apresentados, foi possível chegar nos seguintes pontos:

  1. Qualquer fluxo de ar, por mais “leve” que seja, já é bem melhor do que nenhum fluxo de ar e o que nos permite chegar a essa conclusão são os números obtidos com o WC da bancada em relação à aqueles do CM 212 Black Edition, pois lembram-se do “ventinho residual” que comentei logo no início do artigo? O responsável pela diferença entre esses dois sistemas foi ele e no caso do R5 2600X, essa diferença chegou a consideráveis 13.6ºC.
  2. Aparentemente a diferença entre o R7 2700X com o WC e com o CM 212 Black Edition foi bem menor do que com o R5 2600X e isso se deve ao fato do “ventinho” ter ajudado a “adiar” o throttling enquanto usando o WC e também por nesse caso em específico ter abortado o teste antes disso ocorrer. De todo modo, isso seria inevitável e o “ventinho” só ajudou a postergar isso em alguns minutos.
  3. Evidentemente que cada caso é um caso, mas se for usar uma placa-mãe que não tenha dissipador no VRM, combinado a um CPU um pouco mais exigente e um cooler a ar do tipo torre ou mesmo WC AIO, a recomendação é ao menos utilizar um fan soprando diretamente sobre o VRM pois isso certamente evitará problemas no longo prazo ou mesmo throttling com o CPU em carga.
  4. O delta entre o WC e o Wraith Prism ficou na faixa de consideráveis 24ºC~27ºC, portanto, para as próximas placas-mãe que for testar aqui no site, em especial modelos de entrada, irei incluir testes de temperatura do VRM também utilizando o Wraith Prism, afinal de contas, o público dessas placas está mais propenso a utilizar o cooler original e também pela própria diferença apresentada, o que torna esse teste muito relevante! 🙂

E por hoje é só! Dúvidas, críticas e sugestões são bem-vindas! Até a próxima!

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