Review Completo: Ryzen 3 4350G

Fala pessoal, tudo bem?

No começo do ano, foi publicado aqui na página um artigo com testes do Ryzen 5 PRO 4650G, que se trata do modelo de média gama das APUs “Renoir”, que podem integrar até oito cores Zen2 e vídeo Vega com até 8 compute units (CU’s), onde essas APUs são fabricadas pela TSMC no processo N7P, o mesmo que é utilizado em basicamente todos os produtos AMD recentes como as GPUs Navi, Ryzen “XT”, Ryzen “5000” e nas APUs utilizadas nos consoles.

Nesse artigo, irei lhes apresentar o Ryzen 3 PRO 4350G, que é o modelo mais simples da linha, no caso, um quad core com SMT ativado e vídeo integrado Vega com 6 unidades de processamento!

Todos os “Renoir” utilizam o mesmo die de 156 mm², variando apenas o número de unidades ativadas entre os modelos, onde o Ryzen 3 PRO 4350G também tem 2 CCX com quatro cores cada no seu die, porém, apenas uma delas vem ativada, de forma a diminuir a latência entre os núcleos por eles estarem localizados no mesmo “grupo”. No vídeo abaixo, de autoria do Fritzchens Fritz, mostra uma APU Ryzen 3 4300U, que basicamente se trata da versão mobile da APU desse artigo, trabalhando sem cooler enquanto uma câmera térmica faz as imagens do die conforme ele roda diferentes aplicações. Notem o quão legal é isso, da para identificar exatamente as partes do processador que estão ativas, portanto, dissipando mais calor naquele momento! 😀

Antes dos resultados, é preciso ressaltar que não são todas placas-mãe AM4 que oferecem suporte a essa série de processadores, no caso, apenas as B550/X570 o tem, ao menos em tese, garantidos, enquanto as B450/X470 ficam por conta do fabricante implementar, então, é necessário ficar atento e verificar se a placa-mãe que tem em mãos ou que pretende adquirir oferece suporte a essas CPUs.

  • Configurações utilizadas:

CPU: AMD Ryzen 3 PRO 4350G / AMD Ryzen 3 3300X / AMD Ryzen 5 2400G

MOBO: ASUS TUF X570-Plus/BR (Obrigado Terabyteshop!)

VGA: ASRock RX 5700 XT Challenger (Obrigado Terabyteshop!)

RAM: 2x8GB Crucial Ballistix LT 3200CL16 (Obrigado Terabyteshop!)

REFRIGERAÇÃO: Wraith Stealth e pasta térmica GD900

STORAGE: SSD Goldenfir 256 GB NVMe e Kingston A400 960 GB

FONTE: Seasonic M12II Bronze 750W

Software utilizado e drivers utilizados: Windows 10 x64 build 2004, Adrenalin 21.2.1, AMD Chipset Drivers 2.10.13.408, 7Zip 19.00 x64, Blender 2.90.1, Cinebench R20, Geekbench 4.4.4, Google Chrome, HWBOT x265 Benchmark, Luxmark 3.1, PCMark10 e CapFrameX

Objetivo dos testes: Aferir o desempenho do Ryzen 3 PRO 4350G em uma série de benchmarks comparando-os em stock com o R5 2400G (antecessor) e R3 3300X (outro processador Zen2, porém, com 16 MB de L3), o desempenho do vídeo integrado em alguns jogos, como ele escala com a frequência das memórias e por fim, usando uma placa de vídeo dedicada.

  • Benchmarks em stock:

Sobre os benchmarks utilizados, foram basicamente os mesmos do review do Ryzen 5 PRO 4650G e os números foram obtidos com o HPET ligado e TSME desligado com no mínimo três rodadas para cada teste, onde o melhor e o pior resultado foi descartado.

  • 7Zip, que é uma ferramenta de compressão/descompressão de arquivos de código aberto, provavelmente um dos mais utilizados mundialmente e no caso, foi utilizada a ferramenta benchmark integrada com suas configurações padrão.
  • Blender, que novamente é um software de código aberto que é utilizado para modelagem, renderização e animação 3d, no caso, foi utilizado a “clássica” cena da renderização da BMW que pode ser encontrada nesse link.
  • Cinebench R20, tradicional software de benchmark de renderização utilizando a engine Cinema 4D, escala com várias threads e permite rodar o teste no modo singlethread e multithread.
  • Geekbench 4, que é um benchmark multi-plataforma e generalista, que testa o desempenho em diversos algoritmos diferentes que usam a CPU de maneira distinta (INT ou FP), criptografia usando AES e testes de memória, cuja documentação pode ser visualizada nesse link.
  • HWBOT x265 Benchmark, que utiliza o encoder de código aberto x265 para fazer a conversão de vídeo do formato H264 para H265/HEVC e medir o FPS médio, então, trata-se de um teste multithread que pode usar até mesmo instruções AVX caso disponíveis e no caso, foi utilizado o preset 4K sem alterações nas demais configurações.
  • Luxmark 3.1, é uma ferramenta benchmark de renderização usando OpenCL ou C++ com a engine LuxRender, que no caso, tem código aberto, é multiplataforma e permite a comparação entre CPUs e GPUs. No caso, foi utilizado o modo C++ nesse teste.
  • Octane 2.0, que consiste em um “pacote” com 17 testes em Javascript, portanto, é um bom referencial para o desempenho da CPU enquanto navegando na internet. Por conta desse benchmark rodar direto do navegador, foi utilizado a última versão do Google Chrome na obtenção desses resultados, caso alguém se interesse, esse é o link para o teste.
  • PCMark10, que se trata de uma ferramenta benchmark generalista que testa diversos aspectos do uso cotidiano do computador, no caso, ele simula tempo de inicialização dos aplicativos, navegação na ‘internet’, videoconferência e aplicativos de escritório, no caso, ele é muito interessante por conta da integração de softwares de código livre reais que fazem cada uma dessas funções, o que implica que ele não é só mais um benchmark sintético. Para esses testes, foi utilizada o preset “Express”, cujos detalhes podem ser verificados nesse documento e a RX 5700 XT nos três processadores.

Dos resultados, o Ryzen 3 4350G acabou ficando em segundo lugar, ficando sempre a frente do R5 2400G e atrás do R3 3300X, o que pode ser explicado pela arquitetura Zen2 em relação a Zen+ do primeiro e pelo menor cache/frequência relativos ao último. Dos números nos benchmarks, a vantagem do R3 3300X sobre o R3 4350G foi algo em torno dos 10~16% com a exceção do 7-Zip Compressing, que apresentou diferença maior por ser muito dependente do subsistema de cache e memória.

Agora chegou a hora dos testes em jogos e para isso foram utilizados os seguintes títulos:

  • No Cyberpunk 2077, foi utilizada a versão 1.06 do jogo, rodando em 1080p com o preset “Low”, “scaling” fixo em 60% e foi utilizado a cinemática a missão “The Rescue”, começando no momento em que o carro sai da garagem até o que a van entra na frente.
  • No CS GO, foi utilizado o mapa de FPS Benchmark com o jogo rodando em 1080p Low, pois quem joga isso de forma competitiva sacrifica os detalhes em detrimento de roda-lo com a maior taxa de quadros possível visando diminuir ‘input lag’. Alguns até baixam a resolução para 720p ou menos, mas aqui resolvi ser um pouco menos radical e mantive os 1080p, conforme pode ser visto nos screenshots abaixo.
  • Para o GTA V e SOTTR, em ambos os jogos foram utilizadas as ferramentas de benchmark inclusas, entretanto, no GTA V foi usada apenas a “pass 4”, que é aquela que começa com o caça passando por baixo da ponte e CapFrameX para posterior análise do frametime, enquanto o SOTTR simplesmente usei o resultado gerado pelo próprio jogo. Relativo ao GTA, os resultados às vezes podem parecer um pouco estranhos, porém, isso ocorre por limitação da engine do jogo, que começa a ter problemas com o frametime e stuttering enquanto rodando com taxa de quadros (FPS) elevados, conforme pode ser visto nesse vídeo do Gamers Nexus. Abaixo estão as configurações gráficas utilizadas para obtenção desses números:
  • Desempenho do vídeo integrado:

E aqui, a “Vega 6” integrada no R3 4350G acabou andando meio que junto da “Vega 11” do R5 2400G, onde a primeira acabou levando a melhor em situações onde o melhor controlador de memória e maior IPC dos núcleos Zen2 do Renoir fizeram a diferença, no caso, GTA V e no CS:GO, enquanto nos jogos mais “GPU Bound” como o SOTTR e o Cyberpunk 2077, o maior poder computacional da Vega 11 acabaram rendendo a vitória ao R5 2400G.

  • Overclock na memória – Ganhos com o IGP?

Algo que sempre suscita a curiosidade em virtualmente todos os testes feitos usando vídeo integrado é o impacto de se utilizar memórias com frequências elevadas, afinal de contas, por não ter memória dedicada e compartilhar banda com a CPU, a GPU integrada em muitos casos acaba limitada e por conta disso, o overclock nas memórias costuma trazer bons ganhos, algo que foi mostrado no review dos 2400G/2200G e também do R5 4650G.

Sabendo que o Renoir costuma ir muito bem no overclock de memória e que ele suporta operação do FCLK 1:1 muito além dos 2000MHz prometidos para os Ryzen 5000, foram feitos os testes para verificar os ganhos de desempenho com o aumento de frequência das memórias, partindo dos DDR4 3200 XMP até os DDR4 4200, passando no meio do caminho pelos 3600MHz tanto com timings XMP quanto com outros otimizados a mão, justamente com o propósito de ver a diferença entre esses ajustes e terminando com overclock no IGP @ 2300MHz, RAM @ 4200MHz e CPU @ 4250MHz, uma configuração que a princípio parece bastante agressiva, porém, perfeitamente usável ao nível de uso diário, afinal de contas, para todos esses testes foram utilizados o Wraith Stealth e mesmo rodando o Blender com essas frequências, não foi verificado temperaturas acima dos 75 °C, para um ambiente em 28 °C.

Nos quatro jogos testados, houveram ganhos em decorrência da maior frequência da memória, contudo, esse foi mais pronunciado no GTA V e no CS:GO, enquanto no Cyberpunk 2077 e no SOTTR, o overclock no IGP apresentou ganhos mais acentuados. Na galeria abaixo, segue os timings utilizados para cada um desses testes.

  • Desempenho com GPU dedicado – 1/4 do cache L3 relativo ao Matisse faz diferença?

Como discutimos anteriormente, nas aplicações, a diferença entre o R3 3300X e o R3 4350G ficou na casa dos 10%~16%, porém nos jogos ao utilizar uma GPU dedicada? Será que o menor cache do Renoir terá impacto considerável aqui ou o controlador de memória integrado no mesmo die trabalhando com RAM @ 4200MHz e FCLK 1:1 serão suficientes para mitigar os “danos” do L3 reduzido?

Para isso, também foi utilizada a configuração do R3 4350G em 4.25GHz e memórias em 4200MHz com FCLK 1:1 e o R3 3300X apenas em stock com memórias em 3200MHz XMP, afinal de contas, o Wraith Stealth não apresenta muita margem de manobra nele e utilizar um sistema de refrigeração mais sofisticado em um comparativo entre modelos de entrada não faz muito sentido. Sobre a configuração dos jogos, foram os mesmos presets utilizado anteriormente para os testes do vídeo integrado, o que de certa forma contribui para deixar as coisas um pouco mais limitadas pela CPU ao utilizar uma GPU dedicada como a RX 5700 XT.

No final das contas, com os dois processadores em stock, o R3 4350G acabou por perder do R3 3300X por boa margem, porém, o overclock nas memórias e CPU acabou por diminuir bem a diferença, ainda que em certos jogos extremamente dependentes do cache L3 como o CS:GO e outros títulos de eSport ela continue sendo considerável. Lembrando que o R3 3300X ainda possui margem para overclock com um cooler melhor e de qualquer forma, ele deve ser uma opção melhor caso já tenha uma GPU dedicada em mãos.

  • Conclusão:

Diantes dos testes e resultados apresentados, foi possível chegar nos seguintes pontos:

  1. Relativo ao desempenho em ‘stock’, em aplicações, assim como ocorreu com o R5 4650G, o R3 4350G também ficou atrás de sua contraparte com arquitetura Zen2 sem vídeo integrado, por conta do menor cache L3 e também das menores frequências, o que resultou em uma vantagem de 10%~16% para o R3 3300X. Já em relação ao R5 2400G, o R3 4350G terminou a frente por conta da arquitetura Zen2 com IPC maior que a Zen+ e das frequências mais elevadas.
  2. A respeito do desempenho em jogos usando o vídeo integrado, a Vega 6 do R3 4350G acabou andando meio que junto da Vega 11 do R5 2400G, de forma que nos casos onde o maior fator limitante é a GPU, a Vega 11 tende a se sair melhor e onde o maior IPC do CPU e desempenho do subsistema de memória mandam, a Vega 6 vence. Com overclock os ganhos são significativos e a não ser que se use memórias de frequência baixa, o 4350G deve vencer o 2400G justamente por conta da sua capacidade de trabalhar com clocks bem mais altos na memória, o que diminui o gargalo por falta de banda para a GPU integrada.
  3. Do desempenho com GPU dedicado, apesar de o R3 4350G ser bom o suficiente para garantir boa jogabilidade nos quatro títulos que foram testados, a vantagem do R3 3300X com ambos processadores trabalhando em stock ainda foi considerável, especialmente no CS:GO e no GTA V, contudo, ao fazer overclock no R3 4350G para 4250MHz na CPU e 4200MHz nas memórias, a diferença praticamente se anulou, de forma que apenas no CS:GO ela continuou significativa devido a esse jogo se beneficiar muito do L3 extra. É necessário realçar que todos os testes conduzidos nesse artigo foram feitos usando o Wraith Stealth, incluindo os com overclock.
  4. Do custo de aquisição, o último preço de venda do Ryzen 3 PRO 4350G na Terabyteshop foi de R$1049,00, o que é um valor bastante interessante, sendo inclusive mais barato que o R5 2400G, então, se a ideia for montar uma máquina do zero para uns joguinhos, mesmo que em muitos casos seja necessário sacrificar qualidade gráfica ou recorrer a overclock para extrair melhor desempenho e manter as coisas jogáveis, essa APU por esse preço certamente é uma alternativa a ser considerada, até porque, os atuais preços das placas de vídeo lamentavelmente acabam não deixando outra opção para boa parte das pessoas. O único detalhe é verificar antes se a placa-mãe oferece suporte ao modelo, pois, algumas B350/X370 e até mesmo B450 podem não ter atualização de bios para essa CPU.

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